O histórico Marcelino dos Sanos, político e poeta, ou simplesmente Kalungano, ou ainda Lilinho Micaia, acaba de celebrar 90 anos de vida.
Marcelino dos Santos, co-fundador da Frente de Libertação de Moçambique, é de uma fidelidade impressionante às suas convicções ideológicas, por isso que não espanta que até hoje, Kalungano seja um socialista convicto. Nunca deixou de reafirmar que a revolução ainda não acabou, defendendo o seu prosseguimento.
Marcelino dos Santos justifica plenamente a homenagem, sobretudo pelo lado humano, mas não só. Vive a sua terceira idade, que confere a Kalungano o estatuto de reserva moral e tudo mais, assumindo-se um autêntico fenómeno.
A conversa, o cuidado que Marcelino dos Santos tem com os demais, com as crianças, acima de tudo, só um fenómeno o consegue.
Do ponto de vista do pensamento, político e influência que caracterizam Marcelino dos Santos, são valores inquestionáveis que tornam Kalungano ou Lilinho Micaia homem do mundo.
Pela magnitude e dimensão do combatente, poeta, não há palavras que qualifiquem à sua medida, a figura de Marcelino dos Santos.
Marcelino dos Santos foi um homem controverso nas suas posições, criou inimigos, mas é altamente apreciado pelo tempo que dedicou ao serviço do Estado, nas funções directivas, mesmo antes do Estado. Marcelino dos Santos é um grande homem que participou na construção e defesa do Estado e justifica-se que o mundo se curve aos seus pés, sempre pelo contributo nas duas vertentes.
Não há quem não gostaria de imaginar o que Moçambique seria hoje, se a ideologia de Marcelino dos Santos tivesse triunfado. Marcelino dos Santos é de uma geração em que os jovens de então se entregavam para a luta.
Hoje, quando vemos o que está em nossa volta, é inevitável a pergunta sobre o que seria se o pensamento de Marcelino dos Santos e companheiros da época tivesse prevalecido. O socialismo tinha insuficiências gritantes, especialmente a forma burocrática como Moçambique tentou implementar esta ciência.
Todavia, essas insuficiências foram largamente superadas pelos valores elevadíssimos da honestidade e da ética, colocados pela geração de Marcelino dos Santos.
Na geração de Marcelino dos Santos era impensável ouvir dirigentes do Estado gabarem-se de terem feito muito dinheiro em comissões em negócios estatais. E aqui vem ao de cima a pergunta sobre o que seria Moçambique hoje, se a ideologia de Marcelino dos Santos tivesse triunfado, conseguindo impor o seu pensamento.
Parabéns, Marcelino dos Santos!